sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Não me lembro quando foi a última vez em que se discutiu tanto sobre política aqui em BH. Acho que, desde de que me entendo por gente, não vi uma discussão tão generalizada e alguns momentos apaixonado por um dos lados. Lamento apenas o fato de ser o estopim das discussões a completa mediocridade dos candidatos e coligações feitas.

Principalmente no segundo turno, ficamos reféns de dois fogos infernais, de um lado um imbecil populista, que explora uma pseudo caipirice do povo belorizontino, abusando de um sotaque forçadamente colocado. Não conheço sua vida pregressa e acredito que 90% do que se diz dele, muito provavelmente é inventado pela oposição. Porém, votar nele significa dar um cheque para alguém que já se apresenta com uma face falsa. Normalmente nas eleições não deixo de votar num candidato pela sua compleição física, seu sotaque ou pelo seu estilo. Mas Quintão é demais para mim. Enterra minha ideologia numa fossa de um populismo barato, que, nem de longe chega aos pés do populismo Vargas.

De outro lado do inferno, temos um socialista-empresário-bem-sucedido. Isto, algo que na sua origem já soa estranho. Como disse, procuro não votar nas pessoas por suas características pessoas, visto que, para mim vale mais o enfronhamento ideológico e político-partidário. Por isto, já cortei de cara da minha intenção de voto nosso amigo Lacerda. Filho mal parido de Aécio e Pimentel, não conseguindo eu ainda definir dos dois quem é o provedor e quem o amamenta, sei que este coito embora não seja ilegal, é imoral. A oposição é sempre necessária num processo democrático, alimentando um zelo por parte da situação e em ambos o poder deve ser equilibrado. Esta aliança que nos foi enfiada pela nossa aliança, revela um acordo vil, entre os dois maiores poderes nacionais, que poderiam e deveriam se contrapor, para que um vigie o outro. A partir do momento que não existe esta vigilância, o poder reinante, fruto de acordos sabe-se lá de que natureza, manda absoluto. Lacerda, portanto, está descartado ideologicamente de minha opção de voto.

Em quem votarei? Bem, muito provavelmente anularei meu voto, numa demonstração ímpar de uma anti-cidadania de quem prega a cidadania inconteste. Sim, rendo-me à incoerência, para escapar destas algemas chinesas.

Mas e aí? E aí que vou sintetizar toda esta minha choradeira: O reflexo político é o eco de nossa postura política. A apatia e a indiferença anteriores do nosso povo, principalmente da juventude no que diz respeito à política, nos arremessa a um poço político sem fundo, um Tártaro que nos exila politicamente. Vamos nos envolver mais politicamente, participar de ante-mão, cobremos dos nossos políticos eleitos, principalmente no nível municipal. Participemos de sindicatos, associações de bairros e, entendam, ativamente o processo político que nos inserimos.


Por favor, ajudem-me na cidadania das próximas eleições...

3 comentários:

ahezir disse...

Bem-vindo aos anuladores. Um dia você ainda terá o prazer de descobrir que a única coisa melhor do que anular é justificar em um lugar bem gostoso, de férias ou num passeio de fim de semana.

E anular não é anti-cidadania inconsistente. É ideologia. Só voto em algum candidato no dia que eu puder decidir por votar ou não. É aí que começa a democracia.

Abraços!

Igor Néfer disse...

"Principalmente no segundo turno, ficamos reféns de dois fogos infernais, de um lado um imbecil populista, que explora uma pseudo caipirice do povo belorizontino, abusando de um sotaque forçadamente colocado"


Que eu saiba, ele estudou em Harvard. Duvido que lá o Quintão falasse com aquele sotaque "da roça". Minha satisfação por ele ter perdido só desaparece quando eu me lembro de quem ganhou dele...

Miqueias Dias disse...

Também não conheço a vida pregressa do "Quintãozinho" contudo conheço um pouquinho, muito pouquinho mesmo, à respeito do Quintão-Master, o sr. Sebastião Quintão:

Sei que é bem rico... muito rico.

Sei que diz ser evangélico e que utiliza a religião como base eleitoral.

Sei que foi cassado o seu mandato de prefeito da cidade de Ipatinga por abuso de poder econômico. (Aliás, ele representa um dos lados do poder político de Ipatinga. O Outro é o velho Chico Ferramenta. Esse também foi impedido de tomar posse).

Então, diz o ditado que "Filho de peixe, peixinho é" e "Tal pai, tal filho". Não quero pagar para ver se o Quintãozinho sairá como o pai. A história política que eu conheço diz que sim.

Deus, já que a vós do povo é a voz de Deus, quis que o "socialista-empresário-bem-sucedido" fosse eleito prefeito e nesses quase 4 anos de governo não surgiu nenhum nome para se opor a ele numa possível disputa em 2012 (pelo menos eu não sei de nenhum). O que acontece de tão bizarro na famosa politica mineira? Será que esse opositor existe e "está comendo quieto" como prega a etiqueta mineira?