quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Adeus às ilusões

Vercingetórix nosso grande líder gaulês morreu. Ele, logo ele que construiu em nosso povo um sentimento de igualdade entre os guerreiros, foi derrotado e preso por César, colocado em uma prisão e era obrigado a desfilar em praça pública acorrentado, fazendo os desejos do deus líder romano.
Foi demais para ele, que não sabia ser um não-livre. Antes de ir, porém, deixou as aldeias estruturadas, acreditávamos ainda nos deuses celtas. Plantou em nossos corações, antes de tudo, a certeza de que, nós, chefes de aldeias, deveríamos ser unidos e criar nossos povos com seus ensinamentos.
Mas Roma era implacável. Ser como romano é a única alternativa. Mesmo assim, alguns de nós resistíamos, cultivando a crença numa Roma com traços celtas, língua, costumes e tradições compartilhadas.
Souníx, meu grande irmão, chefe da aldeia ao lado, era um dos mais crentes e ferrenhos defensores desta possível cultura. Porém, apesar de toda a sua fé, acabou caindo, fulminado pelo imperialismo predatório.
Sinto-me só, está frio e vazio, resta migrar para longe, vou para o norte, onde homens bravos lutam por pequenos espaços a cultivar. Lá o desafio é grande, mas pelo menos tenho um desafio, nova crença, nova vida...
“Séculos mais tarde o Império Romano do Ocidente ruiu, ou melhor, foi absorvido por uma cultura românica, concretizando o sonho de Vercingetórix e Souníx. Porém, eles e o autor deste fragmento já haviam morrido...”
Texto escrito para dois grandes amigos e exemplos de vida que saíram do meu convívio diário, mas continuam ativos através dos valores e crenças transmitidos à mim.

Alexandre de Oliveira.

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